terça-feira, 10 de agosto de 2010

Nem do Oeste, nem do Leste – Prefiro ser centrada!

Eu estava “browsing” (aleatoriamente abrindo e lendo sites de fofocas notícias), quando me deparei com essa pérola:




“NÃO TENHO CULPA SE NO PARAGUAI A GENTE SE VESTE ASSIM”
 
 

 
 
Bem, como tudo nessa vida permite várias interpretações, fiquei refletindo um tempo sobre a frase e fotos a fim de elaborar minha própria hipótese/conclusão. Cheguei a uma:



Primeiramente, acho que essa moça esqueceu de definir o “a gente”. “A gente” quem, cara pálida? Certamente não se vai às universidades paraguaias assim (ou será que existem Geisy Arrudas ainda mais assanhadinhas no Paraguai?), nem aos órgãos públicos, também não acho que as pessoas vão assim ao trabalho (bem, não todas, né... talvez as menininhas do amor, como diria meu tio), às compras, a casamentos (tudo bem que tem madrinha que delira, mas acho que a parte do “strip” fica pra despedida de solteiro, né!?), batizados e celebrações (tradicionais) de qualquer tipo ... mas, ah daí...daí me lembrei dos índios paraguaios, talvez a guria não seja uma cara pálida, oh oh, seja uma índia e a mídia esqueceu de esclarecer o fato. Bom, se for isso, tá explicado então!



Massss, uma pequena observação, esqueceram de avisar pra ela que ela não precisa se desculpar não, porque aqui no Brasil temos índias paraguaias brasileiras, que tadinhas, não tem culpa que a tribo delas também se veste assim, vejamos:
 
 

Viu, mocinha! Deixe de bobagem e sinta-se em casa!
Tem lugar nas tribos daqui pra você também!



Ironias a parte, o velho clichê “vergonha alheia” cai muito bem, é perfeito pra situação. Eu tenho muita, mas bem muita vergonha do que a mulherada fez dos direitos que muita gente inteligente, crítica, liberal (não puramente libertina), altruísta e sonhadora se matou (literalmente ou figurativamente) pra conquistar. Há muito tempo uma mulher aparecer assim publicamente podia ser considerado uma atitude extrema e simbólica de resistência, de luta por liberdade, mas hoje, desprovida de tal sentido, a exposição ilimitada e sexualizada do corpo adquire uma conotação triste, vulgar, decadente.

Eu discordo veementemente da posição de amigos do outro lado do mundo (e outros de não tão longe daqui), cuja cultura e valores um tanto fechados e conservadores, diz que é correto cobrir a mulher com um lençol, dos pés à cabeça, sob a alegação de que a está protegendo. Não creio que são panos que protegem, são leis, e leis cumpridas. Se lençóis fossem proteção, o mundo inteiro estaria coberto, afinal, seriam instrumentos baratos – bem mais baratos que armas e seguranças. Imagina, os morros do Rio de Janeiro, coloridinhos de mulheres (e por que não crianças e homens, afinal eles também merecem ser protegidos!) com seus tecidinhos enrolados no corpo (porque é ÓBVIO que no Brasil, aquele panão pretão não ia pegar, né!). Ahh, mas claro, não é DESSA proteção que eles falam, é naquele sentido lá de proteger a mulher dos olhos comilosos dos homens, esses olhinhos tão pouco treinados que mamãe não ensinou a virar pro chão e que o papai disse que se perdessem seu foco, muito provavelmente o foi por culpa da menininha que não saiu adequadamente vestida de casa.



Sabe o que é mais triste, comparemos as duas situações... tão opostas e tão iguais. Na primeira, os exageros do lado de cá tolerados sob alegação de que é manifestação de libertinagem liberdade, na segunda, os exageros do lado de lá tolerados sob alegação de que é manifestação de religiosidade.

A pergunta que não quer calar: quando é que liberdade, religiosidade e bom senso vão caminhar juntos?

Amiguinha, você quer expor suas partes pudendas mundo afora, fique à vontade, mas eu acho que nem eu nem qualquer pessoa deveria ligar a televisão ou abrir um site supostamente de “notícias” e ser obrigada a dar de cara com um par de peitos saltitantes e uma afirmação tosca justificando a cena. Existem canais mais apropriados pra se expor tais coisas. Tudo bem, vai, eu sei que soa meio que politicamente correto demais, mas sério, toda essa exposição cansa, não cansa?



Por outro lado, acho justo que alguém que se diz religioso(a) e por decisão de consciência resolva se cobrir dos pés a cabeça e se isolar do mundo, justo, muito justo... eu mesma às vezes me pego desejosa, por razões não tão sagradas assim, de me enfiar dentro de uma burca pra não ter que olhar pra cara de ninguém e nem ter que aguentar ninguém olhando pra minha... mas, porém, entretanto, eu acho que isso deveria ser uma decisão absolutamente pessoal e não imposta socialmente.

Enfim, o que eu vejo: continuamos as mesmas, de um lado e do outro. Tantos sacrifícios... e quando eu olho pro mundo, dá vontade de chorar... será que foi tudo em vão?

Ainda nos comportamos como objetos... sexuais. Seja, ocidentalizadas, oferecendo de bandeja ao mundo nossos corpos; seja, orientalizadas, tirando dos outros o peso de terem que controlar seus próprios instintos. E é assim: satisfação imediata e infinita a qualquer preço vs. falta de responsabilidade e de liberdade de consciência. O pior de tudo: a culpa é nossa. Em ambas situações, acabamos escravas. Mmm, será que tem algo a ver com a posição geográfica das pessoas no planeta? Tô pensando em me mudar para perto do Meridiano de Greenwich pra ver se as pessoas lá são mais equilibradas!


domingo, 25 de julho de 2010

Melindres...

Se existe algo nessa vida que verdadeiramente me aborrece, é excesso de melindre. E, confesso que, em alguns casos, o melindrismo é tanto que passa de mero aborrecimento e me leva à exasperação. O curioso é como as pessoas podem ser excessivamente sensíveis em relação a si próprias e verdadeiros paquidermes em relação aos outros! Isso pra mim é coisa de gente BURRA! Burra não no sentido comum que as pessoas dão ao termo, de incapacidade intelecto-racional, mas emocionalmente burra. Aliás, muitas vezes essas pessoas são inteligentíssimas, porque as construções (pseudo) lógicas que apresentam como jusitificativa às suas reações são, muitas vezes, aparentemente imbatíveis. “Aparentemente”, porque por óbvio, com um pouco mais de compreensão dos mecanismos internos de “funcionamento” do ser humano, e sentimentos como medo, angústia, negação, rejeição, etc etc vem à tona e pode-se perceber que foram base dessas contruções do pensamento, que acabam por desmoranar, vez que aspectos puramente racionais nunca são suficientes para justificar condutas. Muitas das vezes, não passam de meros sofismas (amo essa palavra! Para mim o homem nada mais é que um grande sofista!).
Eu tenho inúmeros defeitos, mas “rezo todos os dias” para que o excesso de suscetibilidade não se apodere de mim. É algo que verdadeiramente abomino, e atribuo a esse sentimento tão comum ao ser humano muito do nefasto que existe no mundo. Muitas vezes me decepcionei com pessoas que julgo brilhantes, por se permitirem crer ofendidas em sua inteligência, honra, moral, dignidade, autoconceito, crenças, religião, cultura ou o que seja, por pessoas ou situações cuja definição “patéticas” não poderia ser melhor. Refletindo sobre o fato, cheguei à conclusão que o “melindre” por parte de pessoas que considero (considerava) geniais e/ou admiráveis tem raiz diferente daquele sentido por pessoas comuns. Enquanto o melindre das primeiras tem origem na vaidade, nas outras tem origem na ignorância. No entanto, o adubo é o mesmo, limitações emocionais.
Pessoas intelectualmente acima da média tem consciência dessa sua condição, e à medida em que se embriagam de seu sentimento de superioridade e se acham mais especiais que os demais, não permitem a mínima contradição ao que pensam ou sentem, porque se julgam possuidoras da verdade. Vão além, enxergam contradições até onde elas não existem. Tudo se torna pessoal. As atitudes alheias mais efêmeras, mais inocentes, as impensadas, as tolas, são sempre objeto de críticas ferinas pelo melindrado, muitas vezes desproporcionais, que no mais somente demonstram a insegurança enfrentada por essas pessoas que falam e agem com tanta suposta lucidez, mas que no fundo se sentem tão indefesas quanto qualquer mortal.
Já o melindre dos medíocres tem razão mais honesta, mais justificável, a ignorância. A ideia é mais ou menos a seguinte: “Na dúvida, estou sendo atacado”. Ah, sim, e sempre se dá extremo valor ao que os outros indicam: “Cara, você está sendo humilhado, agredido, ofendido...” e, mesmo sem a exata noção do que acontece, se retribui a “humilhação, agressão, ofensa...” que na maioria das vezes nem sequer existe.
Por que as pessoas são tão cheias de si, mesmo em prejuízo próprio? Porque se permitem expor ao ridículo, porque sim, o melindrismo é ridículo, quase sempre por tão pouco?
Temos inúmeros exemplos sobre os danos que o comportamento extremamente “sensível” pode causar, dos mais simplórios aos catastróficos. É o “valentão” que espanca o franzino; É o “sr. pedante” que se faz intencionalmente cego às limitações daquele que é menos favorecido de conhecimentos e experiências e contra-ataca com uma desproporcionalidade que choca os de bom senso; É o chefe de Estado, desequilibrado e ditador, que vê inimigos em toda a parte; É o excesso de nacionalismo que leva à Xenofobia; É o excesso de desprezo por aquilo que é importante para alguns (uma contradição em si ao suposto excesso de sensibilidade que o melindroso possui, obviamente que tal sensibilidade é via de mão única). Uma das causas do Nazismo certamente foi o melindre do povo alemão; as guerras no Oriente Médio também tem suas razões no melindrismo dos povos; mesmo a questão atual da Venezuela e Colômbia (sem querer entrar em um discurso politíco-ideológico) tem muito de melindrosa; desavenças entre vizinhos, entre familiares, entre casais.
Auto-centrados, os seres humanos muitas vezes se julgam “umbigo do mundo”. Tudo lhes diz respeito, tudo é drama, tudo lhes ofende. Comentários tolos e preconceituosos, de pouca ou nenhuma importância, como o recentemente feito pelo ator Sylvester Stallone em relação ao Brasil, ganham ares de “ataque frio, intencional e pungente” como se a honra do povo brasileiro dependesse da opinião de um artista decadente e irrelevante.
Não há nada de superior em sentir-se ofendido, muito pelo contrário. A superioridade está em se por acima das ofensas. Em compreender o ignorante, o insensato, em rir-se da estupidez e da ingenuidade de suas agressões; em ensinar através do exemplo; em constranger aquele que agride pela benevolência no trato (não há melhor forma de expor a brutalidade de outrem, que retribuir agressão com tolerância e, por que não, afeto). Mas, ainda estamos longe disso, de retribuir dor com amor. As inseguranças não nos permitem. Os atavismos ainda presentes na sociedade humana que dão excessivo valor a questões como honra, a justificar disputas, mortes, guerras não nos deixam ir além de nós mesmos. Tudo gira em torno do eu, EU mesmo, MINHA família, MEUS amigos, MINHA cidade, MEU estado, MEU país, MEU lado do mundo, MINHA ideologia... E ai de quem ouse debochar, diminuir, criticar, questionar, duvidar... não pode! Como ousam? Falta às pessoas a capacidade de rirem de si próprias, de relaxarem, de não se darem tanto valor, de não se acharem melhores... quem sabe assim nos tornemos efetivamente amados, por nós mesmos... porque não, melindrismo não é indicativo de amor próprio.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Os 5 conselhos/lições importantes em minha vida



Assim como a Maria, eu também estou respondendo ao desafio proposto pela Mishal do blog PakmixBrazil, onde cada blogueira deve expor 5 conselhos ou lições importantes que tiveram impacto na sua vida.
Estou colocando aqueles que considero mais valiosos, pois me fizeram e me fazem ser quem sou.



1- “Preste atenção nas pessoas com quem você anda, porque quem anda com porco farelo come”

Cresci ouvindo minha mãe dizer que eu devia escolher muito bem minhas amizades, sempre baseada no caráter das pessoas, nunca por critérios de raça, classe social ou religião. Ela dizia que quem tem amigos verdadeiros nunca estará sozinho, pois eles sempre estão conosco, tanto nas alegrias como nos momentos de dificuldade. Ainda bem que fui uma boa filha e segui esse conselho direitinho rs. Hoje eu tenho amigos maravilhosos em minha vida e sei que posso contar com eles qualquer situação (já tive provas disso). Aaahh e não esqueçam que existem 3 níveis de amizade: conhecidos, colegas e amigos. Há uma graaaaaaaaande diferença! Não confundam.


2- A maior e melhor riqueza que você poder acumular é o conhecimento.

Meu pai não cansava de repetir, parecia um mantra rs. Sempre me incentivou a estudar, e fez muitos sacrifícios pra que eu e meus irmãos tivéssemos uma boa educação. Ainda continuo seguindo este conselho e estou sempre em busca de adquirir novos conhecimentos.


3- Não abra mão da sua personalidade e nem da sua independência por homem nenhum.

Esse conselho me foi dado por uma amiga mais velha, uma pessoa muito feliz e bem resolvida e que me ajudou muito quando eu era mais nova.
Se tiver que mudar mude, mas que seja por VOCÊ, nunca por causa de homem. Namorado/Marido é hoje, mas pode não ser amanhã. Por isso não abra mão de sua personalidade e da sua independência para tentar ser quem você não é. Também não se afaste de sua família e de seus amigos.
“Homem não é objetivo de vida, objetivo de vida é ser feliz.”


4- Você não tem que agradar ninguém!

“É melhor fazer os outros chorarem por causa de suas alegrias do que chorar para agradar alguém.”

Eu li isso em algum lugar que não lembro. Sigo este conselho até hoje e ele faz um beeeeem. Não quer dizer que você tem que virar uma megera egoísta que passa por cima de todo mundo pra conseguir o que quer, mas que nós não temos obrigação nenhuma de nos esforçar para agradar alguém, se isso implica em ir contra a nossa vontade.


5- Não ligue para o que pensam e falam sobre você, não é da sua conta. Viva a sua vida e seja FELIZ!

“O que os outros pensam de mim é história deles e diz muito mais sobre eles do que sobre quem eu sou.”


Essa lição eu aprendi desde pequena, quando ficava triste por conta dos comentários maldosos na escola, porque eu jogava futebol com os meninos. Tentei parar de gostar de futebol, mas não consegui. Quem gosta sabe que vicia até a alma rs. Então cheguei a “brilhante” conclusão que eu me sentia mais triste por não jogar futebol do que com as fofocas. Por isso, decidi fazer o que gostava e ser feliz, sem me importar com “os outros”.
Deixe que digam, que pensem, que falem... Esse é o tipo de gente que tem uma vida tão medíocre, que a melhor coisa que devem ter pra fazer é falar de você. Tem uma frase (não sei de quem é) que traduz bem isso: "Pessoas inteligentes discutem idéias, pessoas comuns discutem fatos e pessoas medíocres discutem pessoas."

Gosta de cuidar da vida alheia?
Então compra um gato que já vem com sete vidas.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

...e de louco, todo mundo tem um pouco.



Eu sempre gostei de falar sobre a loucura, minha e alheia. É um assunto que me consome. Amo excentricidades. Tenho até um pouco de orgulho das minhas (quando não tenho vergonha! hahahaha). Eu acho que é a loucura particular de uma pessoa que a define, que a torna especial, que a torna única entre tantas outras.
Eu quando penso em um amigo ou conhecido, logo lembro daquela mania esquisita que o fulano tem e que tanto me irrita e/ou me diverte.
Minhas loucuras se manifestam em compulsões, obsessões, paranóias, fantasias e algumas alucinações. rs
Não sei de terminologias nem dos conceitos apropriados. Tenho algumas noções aprendidas em milhares de sessões de terapia (que às vezes duvido se surtiram algum efeito), mas me divirto apenas observando, ainda que não esteja correta em minhas colocações.
Em se tratando de maluquices, já experienciei e vi muita coisa nessa vida...
Eu, por exemplo, nunca durmo sozinha de luz apagada. É um horror. É apagar a luz e calafrios me percorrem o corpo e fico absolutamente tensa. Tenho conversas internas que me deixam absolutamente perturbada e a única forma de “desligá-las” é acendendo a luz. Acho que espíritos (ou almas penadas, como preferirem) vão se materializar na minha frente para uma conversa. Sem contar a sensação de que a minha cama vai ser tomada por micromosquitos que irão me carcomer. Muito medo.
Quando eu fui morar sozinha, pela primeira vez, descobri que não era um ser tão solitário assim, ao intuir o “homem do banheiro”. O que aconteceu foi que, um belo dia, eu comecei a “desconfiar” que tinha um cara escondido dentro do “box” minúsculo do chuveiro e que ele só saía de lá (pra eu poder tomar banho, por exemplo) se, todos os dias, ao chegar da faculdade, eu fosse imediatamente até o banheiro, acendesse a luz e abrisse a porta de onde ele (não) estava pra que ele saísse (oh God!).
Todas as vezes em que viajo de avião, algo que tenho pavor (não importa quantas mil vezes eu já tenha viajado, eu sempre passo mal), tenho um ritual a ser seguido religiosamente ao qual atribuo o fato de ainda não ter morrido de acidento aéreo (sim, louca!) e, pra piorar, todas as vezes que alguém me indica algo (seja uma prece, simpatia, medicação, meditação ou técnica de relaxamento) este algo passa a integrar meu ritual tornando-o cada vez mais longo e complexo (por favor pessoas, parem de me dar ideias! *sofrendo* ).
Só pra ilustrar um pouco mais a situação, eu tenho sérias crises de ansiedade, acompanhadas da síndrome das pernas inquietas. Na faculdade eu costumava sentar atrás de uma amiga, que invariavelmente me olhava irritada no meio da aula, perguntando a que horas eu ia levantar vôo.
E, não poderia deixar de mencionar, minha compulsão por doces, um período prolongado sem chocolates me deixa num estado de humor lastimável.
Eu tenho uma amiga que fala pra caralho muito, e é uma pessoa bastante expressiva, teatral. Vidrada em internet e morando em outro país, utiliza o msn como ferramenta de comunicação. Assim, nos falamos quase que diariamente, seja pra discutir as complexidades do mundo, seja pra falar mal da vida alheia. Ela é adepta daqueles zilhões de bonequinhos retardados que as pessoas usam pra expressar sentimentos (gifs), os quais, a princípio me irritavam profundamente (deixei de conversar pela internet com muita gente porque não suportava linhas com mais de 5 bonecos) e que hoje, com algum constrangimento, admito que não posso viver sem (alguns deles), particularmente quando é pra conversar com ela. Desenvolvemos uma linguagem tão nossa, que mesmo sem usar o alfabeto romano, somos capazes de nos comunicar por alguns minutos só usando os malditos desenhos (livrai-me da demência, amém). Outro dia ela vira e diz: amiga, ando angustiada... cheguei à conclusão de que os “emoticons” me fazem falta na vida real, queria que eles aparecessem na minha frente ao pensar em qualquer deles para expressar uma ideia, porque nem eu própria consigo demonstrar com tanta perfeição o que eu estou sentindo (pedi pra ela parar de se drogar, vamos ver se funciona!).
Uma outra que eu amo, é “control freak” (tem mania de controle), pra vê-la surtar basta omitir-lhe uma informação que ela sabe que você possui, sobretudo se essa informação diz repeito à onde você está e o que está fazendo no momento em que ela telefona. É tanto, que confesso um prazerzinho sádico em sacanear com ela e me negar a dizer. Certa vez eu estava indo a uma sorveteria com outras pessoas e ela ligou: - Onde você está? - Na rua – Fazendo? - Nada demais - Como assim? Com quem você está? - Com a minha irmã e uma amiga. - Aonde vocês vão? - Não sei, depois te ligo! *momento de silêncio e eu sinto a tensão* - Deixa eu falar com a sua irmã! hahahahahaha É cada uma, viu! Já disse pra ela: seu marido é um santo!
Meu irmão, por sua vez (para exemplificar o sexo masculino nessa minha janela da loucura), coleciona doenças e sintomas...reais. Nada de hipocondria, mas tudo psicossomático. Quando algo mais ou menos estressante acontece, toda a família já fica de cabelo em pé, aguardando as manifestações. Além disso, o pobre infeliz padece de um certo grau de sonambulismo: já batemos altos papos noturnos e quase saímos pra passear um dia (enquanto ele dormia).
Enfim, adoro meus amigos e parentes loucos, desequilibrados, obsessivos-compulsivos. Eles fazem a minha vida tão mais divertida.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Pendências em Excesso x Excesso de Indolência

Fim de noite. Carnaval que se arrasta. Resolvi não viajar por conta das inúmeras pendências. Aproveitar o feriado para pôr a vida em dia. Eu olho para o teto e volto a listar mentalmente todas as coisas que eu tenho que fazer antes que a quarta-feira de cinzas chegue. Desde sexta à noite, quando comemorei minha liberdade temporária, entrei em um processo alucinado de reorganizar tarefas, não realizá-las, me angustiar, reorganizar tarefas, não realizá-las, me angustiar e dormir, dormir, dormir, sofismar (sofisma so.fis.ma sm (gr sóphisma) 1 Lóg Raciocínio capcioso, feito com intenção de enganar. 2 Argumento ou raciocínio falso, com alguma aparência de verdade. 3 pop Dolo, engano, logro.) e, neste exato momento, estou mais uma vez reorganizando tarefas. Quero me matar! É exatamente essa a sensação. Só exterminando. Como eu já tinha deixado claro no perfil, eu tenho duas características tenebrosas: teimosa e neurótica. Então, vou continuar reorganizando tarefas... E, neuroticamente, vou deixar de realizá-las, para que, ao fim, aos surtos, eu consiga pelo menos concluir um décimo do planejado. Bullocks!
Ó Deus, por que eu não nasci disciplinada, focada, determinada e pragmática? Queridos pais, já que era tão difícil assim, por que raios não contrataram um adestrador?
Resultado: tenho quilos de material para estudar, tenho zilhões de papéis para imprimir e ordenar, tenho centenas de pequenas e burocráticas coisas para resolver, e o feriado sem planos viria bem a calhar, se eu fosse uma “pessoa que faz”! Mas, não. Metade do tempo é passado e eu basicamente “comi e dormi”, vi um filme, li 53 páginas de um livro de 220, li e reli todas as fofocas de celebs e subcelebs carnavalescas e fiz minhas listas mentais.
Daqui a pouco vou dormir e espero que através do sonho eu receba alguma inspiração divina, transformadora, catártica... e, amanhã, ao acordar, eu seja um pessoa melhor: disposta, organizada, regulada, centrada, ativa, objetiva, proativa e motivada!
E que o universo conspire a meu favor regulando a temperatura ambiente (estou em litígio com o calor que tem feito...junto com minha pressão, despencam meu entusiasmo e minha vontade de sair debaixo do ventilador – o qual 'ironicamente' fica exatamente em cima da minha cama).
Se tudo der certo, amanhã eu já risco o primeiro item da lista... já seria um começo.
E, se nada der certo, vou ler “O ócio criativo” (e viva o povo italiano!), sofismar mais um pouquinho e tentar ser feliz com esse “resto de carnaval que me resta”...





domingo, 31 de janeiro de 2010

Pequenas Traições




Traições machucam, perturbam a paz e a segurança, marcam. Todos já foram ou serão traídos em algum momento, todos já traíram ou trairão algum dia. Quando falo em traição, não restrinjo o conceito ao fato ocorrido em uma relação homem-mulher, em que uma das partes se envolve com um terceiro amorosa e/ou sexualmente. Me, refiro a todo e qualquer tipo de traição, entre amigos, entre irmãos, entre colegas de trabalho, ou seja, em qualquer relação em que haja maior ou menor demanda de confiança entre duas ou mais pessoa.
Existe, particularmente, um tipo de traição que eu chamo de pequena traição por, a princípio, parecer de pequena amplitude. Mas, na verdade, tal traição, dada sua aparência de mal menor, é insidiosa (sem querer incorrer em pleonasmos).
É aquela traição que vai minando a auto-confiança da vítima, que muita das vezes não consegue se aperceber com clareza da intenção do traidor. Não nota o traído a atitude do seu algoz, se percebe não consegue visualizá-la como traição de pronto, não compreende as razões e, não raro, atribui a vítima a si própria a responsabilidade pelo que ocorre.
Pequenas traições envolvem desamor, menosprezo, egoísmo, abusos (bullying), desrespeito. E, sim, seres imperfeitos que somos, quase nunca conseguimos nos dar conta quando nós mesmos somos os agentes das pequenas traições.
Um exemplo típico de pequena traição é aquela praticada dentro das nossas famílias ou em relacionamentos amorosos. Traição de expectativas. Quando confiamos tanto no amor do ente querido e somos surpreendidos por uma avalanche de palavras e atos que nos fazem sentir pequenos. Logo, tudo é consertado com uma conversa. Fica-se bem. Mas, a situação se repete, se repete. É como se o outro não conseguisse enxergar a importância que atribuímos às idéias que este tem sobre a gente, a necessidade de reconhecimento por aqueles que amamos, e aí, solapando “gentilmente” nosso ego, nos transforma finalmente naquilo que acredita que sejamos. Só a muito custo consegue o indivíduo se libertar de tal situação. É preciso uma força gigantesca.
É difícil sobreviver e superar pequenas traições. Primeiro porque quando a pessoa traída se dá conta, a situação já é grave – via de regra, a auto-estima já está bastante deteriorada – tendo em vista que referidas traições, por sua dimensão, como já dito, não são de plano notadas, são, em seu princípio, facilmente perdoadas e esquecidas. Segundo porque o mal dosado e distribuído ao longo de um tempo considerável, tornam as perdas muitas vezes irreversíveis.
Uma boa metáfora para a situação seria a da pessoa que quer emagrecer e não engordar mais. Qual é a indicação? Poucos quilos perdidos vagarosamente, mas constantemente. A demora aliada a constância, acabam por tornar o emagrecimento irreversível no mais das vezes, porque o corpo se acostuma à nova situação, sem se dar conta de que está definhando. Assim funcionam as pequenas traições.
Pequenas traições começam cedo. Quando nossos pais nos colocam na piscina para nos ensinar a nadar e, a uma distância segura, nos pedem para irmos do ponto que estamos até eles, e vão se afastando se afastando. Quando nos prometem uma recompensa ou mesmo uma penalidade, e estas não são efetivadas – isso gera indivíduos confusos em relações a regras e depois reclama-se da falta de auto-controle, e de obediência e respeito dos jovens. Quando nos dizem que somos a criança “mais linda do mundo” e um belo dia nos damos conta de que o(a) coleguinha é que foi o(a) escolhido(a) para representar a turma no quesito estética – esse é um exemplo bobo, mas particularmente pra meninas pode gerar transtornos de auto-imagem (que não raro levam à desordens como anorexia, bulimia, depressão), porque não estimuladas a se reconhecerem únicas em sua beleza.
Pequenas traições são recorrentes em diversas fases da vida. Na adolescência, quando os amigos te excluem de um evento porque acham que você não faz parte do grupo fechado a que alguns pertencem, ou que você não é tão cool pra estar entre os íntimos. Quando seu (sua) melhor amigo(a) te alfineta, porque precisa disso pra se sentir melhor. Quando seu (sua) irmã(o) entrega o segredo compartilhado para barganhar algo junto aos pais. Em qualquer momento do nosso desenvolvimento quando “a família” se reúne sem a nossa presença, pra debater nossos “problemas de comportamento” ou qualquer coisa do gênero, sem nossa participação, nos julgando incapazes de opinar em relação a nossa própria vida.
Pequenas traições fazem parte dos relacionamentos amorosos. Quando o outro por insegurança quer nos infligir culpa, apontando defeitos e contradições (que são inerentes a qualquer ser humano); quando não são honestos em relação a ideias e sentimentos e, ainda por cima, se irritam porque não somos capazes de adivinhar o que se passa. Quando prometem o que sabem não ser possível cumprir, alimentando ilusões.
Pequenas traições são costumeiras no ambiente de trabalho, onde a competitividade aflora, e onde as regras que ditam que pessoas bem sucedidas são as que sabem trabalhar em grupo, ignoram o fato de que para tanto forja-se uma situação ideal de colaboração que raramente existe. No trabalho co-dependente haverá, no mais das vezes, traidores e traídos. Os parasitas que se alimentam da inteligência, disposição e boa índole de alguns. Pequenas traições no trabalho são as mais cínicas, as mais desembaraçadas. Isso porque, diferentemente do que ocorre na família e em relacionamentos amorosos, quase nunca existe o contraponto do afeto.
Grandes traições se tornaram história: Judas e Jesus Cristo, Brutus e César, Joaquim Silvério dos Reis e Tiradentes, Dalila e Sansão, e outras tantas. Mas, pouco se comenta acerca das pequenas traições, deletérias, que matam o indivíduo em vida, que não extinguem o corpo físico, mas a alma.
Assim, pequenas traições são releváveis, mas recorrentes podem deixar marcas indeléveis. Compaixão, tolerância, compreensão são elementos importantes de toda e qualquer relação honesta. A intenção de ajudar, o amor sincero, são antídotos poderosos à dor e destruição que somos capazes de causar uns aos outros quando opinamos ou realizamos qualquer forma de julgamento sobre a conduta, a aparência e a inteligência alheia; quando criamos expectativas e as frustramos. Ter a exata noção da importância e do impacto que temos sobre os nossos pares talvez nos torne mais vigilantes em relação àquilo que dizemos e fazemos. Amor próprio incondicional, nos protege daquilo que nos dizem e fazem
.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Diplomacia nos Relacionamentos



diplomacia

di.plo.ma.ci.a sf (fr diplomatie) 1 Ciência e arte referentes às relações entre os Estados. 2 Relações internacionais por meio de embaixadas ou legações. 3 Profissão de diplomata. 4 Corpo de diplomatas. 5 Circunspeção ou discrição observada na vida particular, à semelhança da que se usa entre diplomatas. 6 Procedimento diplomático; cerimônia, habilidade, tato. 7 Astúcia no trato de negócios melindrosos. 8 Designação de certos documentos medievais manuscritos.


Aproveitando o ensejo, tendo em vista que a prova do Instituto Rio Branco foi esse fim de semana e que, como menciono em meu perfil, minha carreira dos sonhos é a Diplomacia, acho interessante refletir sobre o que é ser diplomático. Não me refiro à atividade profissional, que é abrangente ao envolver relações entre países e organizações, mas ao esforço contínuo, maior ou menor (e, tenho constatado, para alguns, inexistente rs), que empreendemos para administrar relacionamentos, viver em sociedade.
Pessoas sempre me fascinaram. Não existe simplicidade ou lugar comum. Quero dizer, mesmo as mais adaptadas, pragmáticas e aparentemente previsíveis, mesmo as modestas, as medianas, as que tem seu conhecimento limitado a sua rotina, ao seu dia a dia, são dotadas de um ou alguns elementos que as tornam únicas, estranhas. Eu amo a sensação de excitação que me toma quando eu vislumbro a faísca de excentricidade, de loucura, de desconforto; quando me choco com algo diferente, uma reação inesperada, um comportamento inadequado de alguém. Nesses momentos me sinto em paz em relação a todas as minhas próprias esquisitices. Aliás, me pergunto o porquê de fazermos tanto esforço para sermos comuns, iguais, seja seguindo tendências, reproduzindo criações de terceiros, nos submetendo a pressões para fazer parte de grupos. Até entendo que a vida em sociedade é inevitável, necessária à sobrevivência, física e psicólogica, eu sei muito bem o que é se sentir segura ao experimentar a sensação de pertencimento, mas me perturba essa dependência masoquista da aceitação alheia, não raro a obsessão pela aceitação de pessoas e grupos com os quais nem sequer conscientemente nos identificamos, que muitas das vezes nem sequer admiramos. Simplesmente, não se tolera a rejeição, o desprezo.
Eu aprendi que para ser feliz são necessárias duas atitudes, uma delas é entender que, de fato, não podemos agradar a todos, e que é um direito do outro ter sua opinião sobre as coisas e, inclusive, sobre a minha pessoa, mesmo que injusta; a segunda, é, apesar da opinião do outro, me sentir segura e confiante em relação a quem eu realmente acho que sou, ainda que tendo que lutar tenazmente todos os dias pra viver e ser aquilo que eu acho que é verdade. Isso me torna mais forte e menos preocupada com a percepção alheia. No entanto, é um exercício árduo. Mas, eu sinceramente penso que se as pessoas estivessem dispostas a tentar, existiriam menos melindres, mais empatia e menos conflitos. Acho que se trata sobretudo de respeitar o outro e se respeitar.
Devido ao tal fascínio que tenho por gente, desde sempre fui muito observadora. E tal fato, conjugado ao fato de que sou extremamente sensível às minhas próprias imperfeições, que sofro com meus defeitos, me tornou mais tolerante com os equívocos e dificuldades do 'próximo'. Não, eu não sou Jesus Cristo e nem sequer capaz de seguir a risca sua determinação de “perdoar setenta vezes sete o irmão faltoso”, muito pelo contrário, meus acessos de raiva podem ser grotescos e eu tenho surtos regulares com as pessoas que mais amo. Mas, eu acredito que tenho certa capacidade de compreender as confusões emocionais das pessoas ao meu redor simplesmente olhando pra dentro de mim mesma. Dessa conclusão cheguei à outra, de que teria as características para ser uma diplomata. Tenho medo, no entanto, que me falte fôlego. rs
Administrar dramas e problemas de pessoas e grupos pode ser extremamente cansativo, que dirá de países inteiros. Eu tenho baixa disposição a conflitos, desentendimentos e brigas, principalmente quando desnecessários – o que o são, no mais das vezes -, e minha reação imediata é tentar uma composição. E, sendo assim, minha tendência é manter relacionamentos, lidando com coisas e situações que para alguns seriam insuportáveis, com assertividade, mas sempre evitando entrar em 'guerra', o que para mim, aí sim, seria insuportável. Mas, não se trata de uma tolerância passiva, medrosa, mas sim uma tolerância resignada. Há sempre a determinação de não se violentar no processo. Eu acredito que as pessoas devem sim se defender, mas discordo de quem diz que a melhor defesa é o ataque. A melhor defesa é a integridade, é o amor próprio, é a tranquilidade de que o que se pensa e faz é o melhor que se poderia pensar e fazer. Por isso, paradoxalmente (e me permitindo por completo a contradição), me agride e me irrita sobremaneira o excesso de melindres, a falta de tato, a agressividade (gratuita ou não), a violência estúpida e a perversidade que toma as pessoas. São manifestações da falta de amor para com os outros e para consigo mesmo. No entanto, ações e reações negativas devem ser combatidas com diplomacia e com maestria, não com raiva e irritação. Ser diplomático é um ato de amor, ser maestro é consertar e concertar situações e relações para que se possa viver num mundo melhor. E no fim, se a boa vontade não for o suficiente, talvez a melhor defesa seja o distanciamento. Onde não há diálogo, não há que se ter discussão, o melhor e mais saudável é permitir o silêncio, o silêncio digno e respeitoso, para que, quem sabe, mais à frente, possa haver o acordo. E é isso que eu almejo pra mim, o desenvolvimento pleno da capacidade de compreender e acolher pessoas, de solucionar discordâncias, ainda que não tenha certeza que esse é uma meta que atingirei em vida, e é o que eu almejo, também, para os que amo, para as pessoas do meu país, para as pessoas do mundo, para que este possa ser um lugar melhor para se estar.