terça-feira, 10 de agosto de 2010

Nem do Oeste, nem do Leste – Prefiro ser centrada!

Eu estava “browsing” (aleatoriamente abrindo e lendo sites de fofocas notícias), quando me deparei com essa pérola:




“NÃO TENHO CULPA SE NO PARAGUAI A GENTE SE VESTE ASSIM”
 
 

 
 
Bem, como tudo nessa vida permite várias interpretações, fiquei refletindo um tempo sobre a frase e fotos a fim de elaborar minha própria hipótese/conclusão. Cheguei a uma:



Primeiramente, acho que essa moça esqueceu de definir o “a gente”. “A gente” quem, cara pálida? Certamente não se vai às universidades paraguaias assim (ou será que existem Geisy Arrudas ainda mais assanhadinhas no Paraguai?), nem aos órgãos públicos, também não acho que as pessoas vão assim ao trabalho (bem, não todas, né... talvez as menininhas do amor, como diria meu tio), às compras, a casamentos (tudo bem que tem madrinha que delira, mas acho que a parte do “strip” fica pra despedida de solteiro, né!?), batizados e celebrações (tradicionais) de qualquer tipo ... mas, ah daí...daí me lembrei dos índios paraguaios, talvez a guria não seja uma cara pálida, oh oh, seja uma índia e a mídia esqueceu de esclarecer o fato. Bom, se for isso, tá explicado então!



Massss, uma pequena observação, esqueceram de avisar pra ela que ela não precisa se desculpar não, porque aqui no Brasil temos índias paraguaias brasileiras, que tadinhas, não tem culpa que a tribo delas também se veste assim, vejamos:
 
 

Viu, mocinha! Deixe de bobagem e sinta-se em casa!
Tem lugar nas tribos daqui pra você também!



Ironias a parte, o velho clichê “vergonha alheia” cai muito bem, é perfeito pra situação. Eu tenho muita, mas bem muita vergonha do que a mulherada fez dos direitos que muita gente inteligente, crítica, liberal (não puramente libertina), altruísta e sonhadora se matou (literalmente ou figurativamente) pra conquistar. Há muito tempo uma mulher aparecer assim publicamente podia ser considerado uma atitude extrema e simbólica de resistência, de luta por liberdade, mas hoje, desprovida de tal sentido, a exposição ilimitada e sexualizada do corpo adquire uma conotação triste, vulgar, decadente.

Eu discordo veementemente da posição de amigos do outro lado do mundo (e outros de não tão longe daqui), cuja cultura e valores um tanto fechados e conservadores, diz que é correto cobrir a mulher com um lençol, dos pés à cabeça, sob a alegação de que a está protegendo. Não creio que são panos que protegem, são leis, e leis cumpridas. Se lençóis fossem proteção, o mundo inteiro estaria coberto, afinal, seriam instrumentos baratos – bem mais baratos que armas e seguranças. Imagina, os morros do Rio de Janeiro, coloridinhos de mulheres (e por que não crianças e homens, afinal eles também merecem ser protegidos!) com seus tecidinhos enrolados no corpo (porque é ÓBVIO que no Brasil, aquele panão pretão não ia pegar, né!). Ahh, mas claro, não é DESSA proteção que eles falam, é naquele sentido lá de proteger a mulher dos olhos comilosos dos homens, esses olhinhos tão pouco treinados que mamãe não ensinou a virar pro chão e que o papai disse que se perdessem seu foco, muito provavelmente o foi por culpa da menininha que não saiu adequadamente vestida de casa.



Sabe o que é mais triste, comparemos as duas situações... tão opostas e tão iguais. Na primeira, os exageros do lado de cá tolerados sob alegação de que é manifestação de libertinagem liberdade, na segunda, os exageros do lado de lá tolerados sob alegação de que é manifestação de religiosidade.

A pergunta que não quer calar: quando é que liberdade, religiosidade e bom senso vão caminhar juntos?

Amiguinha, você quer expor suas partes pudendas mundo afora, fique à vontade, mas eu acho que nem eu nem qualquer pessoa deveria ligar a televisão ou abrir um site supostamente de “notícias” e ser obrigada a dar de cara com um par de peitos saltitantes e uma afirmação tosca justificando a cena. Existem canais mais apropriados pra se expor tais coisas. Tudo bem, vai, eu sei que soa meio que politicamente correto demais, mas sério, toda essa exposição cansa, não cansa?



Por outro lado, acho justo que alguém que se diz religioso(a) e por decisão de consciência resolva se cobrir dos pés a cabeça e se isolar do mundo, justo, muito justo... eu mesma às vezes me pego desejosa, por razões não tão sagradas assim, de me enfiar dentro de uma burca pra não ter que olhar pra cara de ninguém e nem ter que aguentar ninguém olhando pra minha... mas, porém, entretanto, eu acho que isso deveria ser uma decisão absolutamente pessoal e não imposta socialmente.

Enfim, o que eu vejo: continuamos as mesmas, de um lado e do outro. Tantos sacrifícios... e quando eu olho pro mundo, dá vontade de chorar... será que foi tudo em vão?

Ainda nos comportamos como objetos... sexuais. Seja, ocidentalizadas, oferecendo de bandeja ao mundo nossos corpos; seja, orientalizadas, tirando dos outros o peso de terem que controlar seus próprios instintos. E é assim: satisfação imediata e infinita a qualquer preço vs. falta de responsabilidade e de liberdade de consciência. O pior de tudo: a culpa é nossa. Em ambas situações, acabamos escravas. Mmm, será que tem algo a ver com a posição geográfica das pessoas no planeta? Tô pensando em me mudar para perto do Meridiano de Greenwich pra ver se as pessoas lá são mais equilibradas!


6 comentários:

Mel disse...

Amiga voce eh show em seus posts,eu fico doente de ver essas fotos,essas noticias interessantes nos sites do Brasil,e fala serio,quem eh essa fulana?Eu curiosa que sou fui dar uma googlada nela e vi que era uma sem roupa aparecida torcedora da copa,eh isso?Que mierda!

Maria disse...

Pois é, na mídia daqui tem espaço pra tudooooo mesmo, sobretudo pra o que não presta, não tem valor nenhum... afff A gente consome tudo que é lixo que vem de tudo que é lugar (veja bem, não tô chamando a guria de lixo, e sim a qualidade do "trabalho" que ela nos apresenta)... Tudo bem, "futebol, homens, mulher bonita", a gente já sabe que existe essa mistura (que pode ser explosiva, vide caso Bruno) e que ela chama a atenção durante a copa, mas peraí... a Copa já acabou, o Brasil PERDEU e a guria é paraguaia... tipo: nada a ver, né!? Agora só no Brasil pra ficarem prolongando essa coisa idiota, dando ibope pra algo que, além de tudo, é banal, ordinário, nessa terra de "índias nuas"... será que a gente não tem mesmo coisa mais importante pra ver e falar??? Tadinhos de nós!

Carol disse...

vergonha alheia eh otimo marcador hauhauhaa
que anta essa moça, vergonha e sorry pelos paraguaios, assim como nos brasileiros trachados de putas por outros,.. voo com os asiaticos e acho eles mto mais abertos ahuahuahaha dados eh a palavra!

Anônimo disse...

Deixe eu fazer valer a minha vez.
Acho que o seu post e o meu não falam do mesmo assunto, mas dentro do meu texto esse elemento sobre religiosidade e moral está presente.
Só uma curiosidade: onde me achou? rs


*resposta do seu comentário no meu blog:"Maria, seja bem-vinda! Tudo começou quando fui dar murro em ponta de faca comentando um certo blog.
Para mim isso é uma coisa tão óbvia, que sendo cristã tenho asco da ideia de um estado cristão. Por respeito a minha fé, pois creio que Deus nos fez livres.rs "

Anônimo disse...

Adorei o blog e li o perfil de "cada três". Acho que não me identifico muito apenas com a Blair.Mas é na diferença que a gente se enxerga.
Visite esse blog, Maria:

http://antropocoiso.blogspot.com/
Vai gostar,se não já o conhece.
Nunca tive coragem de comentar, mas visito sempre.

Iseedeadpeople disse...

Se lençóis fossem proteção, o mundo inteiro estaria coberto, afinal, seriam instrumentos baratos



heheheheh MUITO BOM!!!! Tbm prefiro ser centrada =)