terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Diplomacia nos Relacionamentos



diplomacia

di.plo.ma.ci.a sf (fr diplomatie) 1 Ciência e arte referentes às relações entre os Estados. 2 Relações internacionais por meio de embaixadas ou legações. 3 Profissão de diplomata. 4 Corpo de diplomatas. 5 Circunspeção ou discrição observada na vida particular, à semelhança da que se usa entre diplomatas. 6 Procedimento diplomático; cerimônia, habilidade, tato. 7 Astúcia no trato de negócios melindrosos. 8 Designação de certos documentos medievais manuscritos.


Aproveitando o ensejo, tendo em vista que a prova do Instituto Rio Branco foi esse fim de semana e que, como menciono em meu perfil, minha carreira dos sonhos é a Diplomacia, acho interessante refletir sobre o que é ser diplomático. Não me refiro à atividade profissional, que é abrangente ao envolver relações entre países e organizações, mas ao esforço contínuo, maior ou menor (e, tenho constatado, para alguns, inexistente rs), que empreendemos para administrar relacionamentos, viver em sociedade.
Pessoas sempre me fascinaram. Não existe simplicidade ou lugar comum. Quero dizer, mesmo as mais adaptadas, pragmáticas e aparentemente previsíveis, mesmo as modestas, as medianas, as que tem seu conhecimento limitado a sua rotina, ao seu dia a dia, são dotadas de um ou alguns elementos que as tornam únicas, estranhas. Eu amo a sensação de excitação que me toma quando eu vislumbro a faísca de excentricidade, de loucura, de desconforto; quando me choco com algo diferente, uma reação inesperada, um comportamento inadequado de alguém. Nesses momentos me sinto em paz em relação a todas as minhas próprias esquisitices. Aliás, me pergunto o porquê de fazermos tanto esforço para sermos comuns, iguais, seja seguindo tendências, reproduzindo criações de terceiros, nos submetendo a pressões para fazer parte de grupos. Até entendo que a vida em sociedade é inevitável, necessária à sobrevivência, física e psicólogica, eu sei muito bem o que é se sentir segura ao experimentar a sensação de pertencimento, mas me perturba essa dependência masoquista da aceitação alheia, não raro a obsessão pela aceitação de pessoas e grupos com os quais nem sequer conscientemente nos identificamos, que muitas das vezes nem sequer admiramos. Simplesmente, não se tolera a rejeição, o desprezo.
Eu aprendi que para ser feliz são necessárias duas atitudes, uma delas é entender que, de fato, não podemos agradar a todos, e que é um direito do outro ter sua opinião sobre as coisas e, inclusive, sobre a minha pessoa, mesmo que injusta; a segunda, é, apesar da opinião do outro, me sentir segura e confiante em relação a quem eu realmente acho que sou, ainda que tendo que lutar tenazmente todos os dias pra viver e ser aquilo que eu acho que é verdade. Isso me torna mais forte e menos preocupada com a percepção alheia. No entanto, é um exercício árduo. Mas, eu sinceramente penso que se as pessoas estivessem dispostas a tentar, existiriam menos melindres, mais empatia e menos conflitos. Acho que se trata sobretudo de respeitar o outro e se respeitar.
Devido ao tal fascínio que tenho por gente, desde sempre fui muito observadora. E tal fato, conjugado ao fato de que sou extremamente sensível às minhas próprias imperfeições, que sofro com meus defeitos, me tornou mais tolerante com os equívocos e dificuldades do 'próximo'. Não, eu não sou Jesus Cristo e nem sequer capaz de seguir a risca sua determinação de “perdoar setenta vezes sete o irmão faltoso”, muito pelo contrário, meus acessos de raiva podem ser grotescos e eu tenho surtos regulares com as pessoas que mais amo. Mas, eu acredito que tenho certa capacidade de compreender as confusões emocionais das pessoas ao meu redor simplesmente olhando pra dentro de mim mesma. Dessa conclusão cheguei à outra, de que teria as características para ser uma diplomata. Tenho medo, no entanto, que me falte fôlego. rs
Administrar dramas e problemas de pessoas e grupos pode ser extremamente cansativo, que dirá de países inteiros. Eu tenho baixa disposição a conflitos, desentendimentos e brigas, principalmente quando desnecessários – o que o são, no mais das vezes -, e minha reação imediata é tentar uma composição. E, sendo assim, minha tendência é manter relacionamentos, lidando com coisas e situações que para alguns seriam insuportáveis, com assertividade, mas sempre evitando entrar em 'guerra', o que para mim, aí sim, seria insuportável. Mas, não se trata de uma tolerância passiva, medrosa, mas sim uma tolerância resignada. Há sempre a determinação de não se violentar no processo. Eu acredito que as pessoas devem sim se defender, mas discordo de quem diz que a melhor defesa é o ataque. A melhor defesa é a integridade, é o amor próprio, é a tranquilidade de que o que se pensa e faz é o melhor que se poderia pensar e fazer. Por isso, paradoxalmente (e me permitindo por completo a contradição), me agride e me irrita sobremaneira o excesso de melindres, a falta de tato, a agressividade (gratuita ou não), a violência estúpida e a perversidade que toma as pessoas. São manifestações da falta de amor para com os outros e para consigo mesmo. No entanto, ações e reações negativas devem ser combatidas com diplomacia e com maestria, não com raiva e irritação. Ser diplomático é um ato de amor, ser maestro é consertar e concertar situações e relações para que se possa viver num mundo melhor. E no fim, se a boa vontade não for o suficiente, talvez a melhor defesa seja o distanciamento. Onde não há diálogo, não há que se ter discussão, o melhor e mais saudável é permitir o silêncio, o silêncio digno e respeitoso, para que, quem sabe, mais à frente, possa haver o acordo. E é isso que eu almejo pra mim, o desenvolvimento pleno da capacidade de compreender e acolher pessoas, de solucionar discordâncias, ainda que não tenha certeza que esse é uma meta que atingirei em vida, e é o que eu almejo, também, para os que amo, para as pessoas do meu país, para as pessoas do mundo, para que este possa ser um lugar melhor para se estar.

2 comentários:

Unknown disse...

Olá. Amei a postagem. Concordo com suas palavras. Percebi que para ser diplomata não é uma tarefa nada fácil, pois é onde você deve exercer valores no qual aprende ao longo da vida e além de muito estudo, é claro. Te exige o profissional e também o seu pessoal, os sentimentos. Parabéns pela postagem. Sou uma grande apreciadora da diplomacia. :D

Carol disse...

Oiee passando para deixar um beijão para vcs hauhaua
obs: Maria amei seu perfil kkkkk